sábado, 20 de setembro de 2014

PARA ONDE CAMINHA A JUVENTUDE - DR. AUGUSTO CURY ESCRITOR DO LIVRO: PAIS BRILHANTES, PROFESSORES FASCINANTES

Há um mundo a ser descoberto dentro de cada criança e de cada jovem.  Só não consegue descobri-lo quem está  encarcerado dentro do seu próprio mundo. nossa geração quis dar o melhor para as crianças e os jovens.  Sonhamos grandes sonhos para eles. Procuramos dar os melhores brinquedos,  roupas, passeios e escolas. Não queríamos que eles andassem na chuva, se  machucassem nas ruas, se ferissem com os brinquedos caseiros e vivessem  as dificuldades pelas quais passamos.  Colocamos uma televisão na sala. Alguns pais, com mais recursos,  colocaram uma televisão e um computador no quarto de cada filho. Outros  encheram seus filhos de atividades, matriculando-os em cursos de inglês,  computação, música.  Tiveram uma excelente intenção, só não sabiam que as crianças  precisavam ter infância, que necessitavam inventar, correr riscos,  frustrar-se, ter tempo para brincar e se encantar com a vida. Não  imaginavam o quanto a criatividade, a felicidade, a ousadia e a segurança  do adulto dependiam das matrizes da memória e da energia emocional da  criança. Não compreenderam que a TV, os brinquedos manufaturados, a Internet e o excesso de atividades obstruíam a infância dos seus filhos.  Criamos um mundo artificial para as crianças e pagamos um preço caríssimo. Produzimos sérias consequências no território da emoção, no anfiteatro dos pensamentos e no solo da memória deles. Vejamos algumas  consequências. Obstruindo a inteligência das crianças e adolescentes  Esperávamos que no século XXI os jovens fossem solidários,  empreendedores e amassem a arte de pensar. Mas muitos vivem alienados,  não pensam no futuro, não têm garra e projetos de vida.  Imaginávamos que, pelo fato de aprendermos línguas na escola e  vivermos espremidos nos elevadores, no local de trabalho e nos clubes, a  solidão seria resolvida. Mas as pessoas não aprenderam a falar de si  mesmas, têm medo de se expor, vivem represadas em seu próprio mundo. Pais  e filhos vivem ilhados, raramente choram juntos e comentam sobre seus  sonhos, mágoas, alegrias, frustrações.  Na escola, a situação é pior. Professores e alunos vivem juntos  durante anos dentro da sala de aula, mas são estranhos uns para os  outros. Eles se escondem atrás dos livros, das apostilas, dos computadores. A culpa é dos ilustres professores? Não! A culpa, como veremos, é do sistema educacional doentio que se arrasta por séculos.  As crianças e os jovens aprendem a lidar com fatos lógicos, mas não  sabem lidar com fracassos e falhas. Aprendem a resolver problemas  matemáticos, mas não sabem resolver seus conflitos existenciais. São  treinados para fazer cálculos e acertá-los, mas a vida é cheia de  contradições, as questões emocionais não podem ser calculadas, nem têm conta exata.  Os jovens são preparados para lidar com decepções? Não! Eles são treinados apenas para o sucesso. Viver sem problemas é impossível. O  sofrimento nos constrói ou nos destrói.  devemos usar o sofrimento para  construir a sabedoria. Mas quem se importa com a sabedoria na era da informática?  Nossa geração produziu informações que nenhuma outra jamais  produziu, mas não sabemos o que fazer com elas. Raramente usamos essas  informações para expandir nossa qualidade de vida. Você faz coisas fora  da sua agenda que lhe dão prazer? Você procura administrar seus  pensamentos para ter uma mente mais tranqüila? Nós nos tornamos máquinas  de trabalhar e estamos transformando nossas crianças em máquinas de  aprender.

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